A Casa dos Porquês
Prosa poética por Carolina Mendes
Foste Tu que me fizeste recusar o tempo.
Foste Tu que me ofereceste a dor como se ela fosse brincar comigo.
Foste Tu que numa casa familiar convidaste o perigo.
Este medo consome e eu sei que sim...
A pena fica e o tempo foge de mim...
O sorriso apaga e eu sei que não vou ficar,
Os meus olhos miram-te e tu só sabes aguardar.
Porque nasci eu para sofrer desta maneira?
Onde nem a lágrima mais pura apaga a fogueira, de uma despedida prolongada, na qual
me sento e tu me ouves, porém não fazes nada.
Tão pequenina, eu sonhava com casamentos e um príncipe cavaleiro...
Talvez um dia ser crescida e ir ao cabeleireiro...
Adormecer e saber que ia acordar...
Mas nasci para não viver e tu para matar.
Todo o mar de sofrimento que me afogou a alma, não me quis levar senão com calma, e
eu esperando ser salva, mas nunca fui.
-“Papá, porque é que o sol nasce e eu morro?”
Não obtenho resposta.
Sou menina de quem ele não gosta e fui-me embora ainda criança.
Talvez um dia a minha mamã me faça uma trança, e me diga que tudo vai ficar bem.
O meu nome é Valentina e hoje não tenho o que ele tem.
Vida.